No final de um jogo da Copa do Brasil entre Santos e Corinthians, em julho de 2022, adeptos do Peixe invadiram o relvado da Vila Belmiro, a correr na direção de Cássio, guarda-redes do Timão, para o agredir. Num ápice, Marcos Leonardo, então com 19 anos, colocou-se entre os agressores e o jogador do maior rival evitando uma tragédia. Naquele momento, o possível reforço do Benfica, que havia decidido o clássico, minutos antes, batendo um penálti com frieza de veterano, mostrou que era muito mais do que um promissor jogador.
Conhecido em família apenas por Léo, o atacante saiu da árida Itapetinga, no sertão da Bahia, onde se destacou no Atletas de Cristo e Coroas Country Club com golos atrás de golos, rumo ao estado de São Paulo. Lá, em São José dos Campos e em Taubaté, continuou a furar redes até uma escolinha dos Meninos da Vila desta última cidade o levar para o centro de treinos Rei Pelé. No dia 4 de outubro de 2020, pouco depois de fazer 17 anos, marcou o primeiro golo profissional pelo Santos, em Goiânia, numa vitória sobre o Goiás para o Brasileirão.
De então para cá, mesmo com o Santos vivendo um dos períodos mais instáveis da história, Marcos Leonardo foi evoluindo no Brasileirão: 18 jogos e quatro golos em 2020, 16 e cinco golos em 2021 e 13 tentos nas últimas duas épocas, que o tornaram quinto melhor marcador da prova em 2022 e 2023. No verão, esteve com um pé na Roma de José Mourinho por 12 milhões de euros mas a venda de Ângelo e Deivid Washington para o Chelsea encheram os cofres santistas e abortaram o negócio.
Marcos Leonardo, o moleque maduro que impediu uma agressão ao rival um ano antes, passou então por momentos de frustração – além de não rumar a Itália, ficou às portas da seleção principal do Brasil e sofreu, mais do que nenhum outro, as agruras da época desastrosa do seu clube. Até setembro, ainda lutava pelo título de goleador do Brasileirão taco a taco com o ex-dragão Tiquinho, do Botafogo, mas a partir daí estagnou, perdeu a titularidade e viu-se ultrapassado por Paulinho e Hulk, do Atlético Mineiro, e Suárez, do Grêmio.
Artigo atualizado: data original, 02.01.2024. 19h11.
Comentários